domingo, 19 de setembro de 2010

Procura-se um Rei: D. Sebastião I de Portugal

 

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D. Sebastião acabou entrando para a história e sendo conhecido como  O Desejado, O Encoberto e ainda como O Adormecido. Tudo por conta de seu inesperado desaparecimento após uma batalha. Deu início ao Sebastianismo. Vamos aos fatos.

O Desejado

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D. Sebastião nasceu em Lisboa em 20 de janeiro de 1554. Assumiu o governo aos 14 anos. Na verdade, o rapaz se tornou rei aos 3 anos, quando seu pai morreu. Como era um herdeiro bastante esperado, acabou sendo conhecido como O Desejado. Era um rapaz muito religioso, e que também gostava muito de assuntos militares. Sonhava em participar de grandes batalhas, conquistando em nome da fé.

 

 

 

E o Rei sumiu: Cadê O Encoberto? Adormecido?

clip_image007Querendo reviver as glórias do passado, decidiu montar uma expedição contra os marroquinos em Tez. Ficou combinado que seu casamento com a filha de seu tio Felipe II da Espanha ficava adiado para seu retorno. Ele tinha 24 anos.

No meio da batalha de Alcácer-Quibir, os portugueses perderam. E, não se sabe como, nem em que momento, D. Sebastião sumiu. Sumiu mesmo. Ninguém deu notícia. Pronto. O povo começou a achar que ele não tinha morrido, tinha apenas desaparecido durante uns tempos.

Isso deu início a uma crise tão grande, que a independência de Portugal estava em perigo. Alguns loucos começaram a imaginar que ele surgiria novamente, maravilhoso, para acabar com a guerra. Era o mito do Sebastianismo, que dizia que ele voltaria numa manhã de nevoeiro para salvar Portugal.

 

De quem é esse corpo?

Lisboa-Mosteiro dos Jeronimos Mas claro que, com essa história de rei que iria surgir do meio do nada, iria surgir gente dizendo ser o mesmo. Todos queriam ser o Rei Arthur português. O último doido que apareceu dizendo ser Sebastião foi calado na forca, em 1619. Chamava-se Marco Tullio Catizone.

Em 1582 apareceu um corpo que alegaram ser dele. Esperando acabar com o mito do sebastianismo, o rei Filipe I de Portugal mandou levar o tal corpo para o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. Não se comprovou se era mesmo do jovem desaparecido e ainda paira um mistério se lá dentro está realmente o “Rei Adormecido”. Que tal um DNA?

Luís de Camões, o maior poeta português (depois de Fernando Pessoa, claro), dedicou seu livro Os Lusíadas a D. Sebastião.

Fernando Pessoa e Zé Ramalho

O poeta Fernando Pessoa, em Mensagem, no único livro que ele escreveu e publicou em vida, fez uma homenagem a esse rei e ao culto ao sebastianismo. O André Luis musicou e Zé Ramalho cantou. Confiram o trecho:

2ª Parte

XI. A Última Nau

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
Erma, e entre choros de ânsia e de preságio
Mistério.
Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro E breve.

Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou 'spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço  Que torna.
Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda Do Império.

2 comentários:

M. disse...

Realmente o que ele se tornou na história foi um mito. Lendo seu texto finalmente compreendi algo mais do que eu vagamente sabia.

História é Pop! disse...

Adoro falar sobre o Sebastianismo, os meninos acham muito "louco" o rei ter "sumido" em uma Cruzada e mais louco ainda o fato de muitos portugueses acreditarem que ele um dia iria voltar para reinar.
Sobre o poema:
Adoro Mensagem, de Fernando Pessoa - a interpretação sebastianista da História de Portugal, em busca de um patriotismo perdido.

obs: sumi pq estou com enxaqueca já faz diiiiiiiiiiassssssssssssssssssssssssssss
bjo

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